domingo, 2 de dezembro de 2012

Vídeo-Aula: Instrumentos utilizados no Batuque e no Lundu


Vídeo-Aula sobre Batuque e Lundu, solicitada pelo profº Gerson Arrais na disciplina de História da Música Brasileira do Curso de Licenciatura em Música do Centro Universitário Adventista de São Paulo Campus Engenheiro Coelho.

domingo, 25 de novembro de 2012

“Ingoma” Primeiro nome para o Batuque brasileiro e Lundu Marajoara - Representação atual do Lundu



Na África banto, ingoma significa tambor, assim como tudo o que gravita em torno desta entidade, central nas culturas africanas: canto, dança, reunião festiva. Trazido para o Brasil pelos escravizados do Congo, de Angola e de Moçambique, esse vocábulo conservou semelhante campo semântico, e nos servimos dele (na sua forma brasileira, ingoma) para designar as danças de terreiro afro-brasileiras, as quais frequentemente ainda utilizam velhos tambores de tronco escavado, elemento importante no celebrar a memória do povo negro na diáspora. Essas danças e cantos remontam às festas noturnas dos africanos, principalmente os de etnia banto (congo-angola) escravizados nas unidades rurais de produção, como engenhos açucareiros do nordeste brasileiro e fazendas de café de Sergipe. Estes eventos, retratados como pagãos lascivos e perigosos pela crônica colonial, eram designados genericamente como Batuques pelos cronistas.
O antropólogo Edison Carneiro aponta em 1960 características comuns a tradições “herdeiras do batuque angola-conguês” no Brasil, que ele classifica como Sambas de Umbigada. Ele assinala a presença deste tipo de manifestação, cujo traço comum é a presença da umbigada na dança, além de outras características em onze estados brasileiros. Ingoma é palavra que designa a herança recebida dos antepassados, é como os Arturos chamam o grupo de dançantes ou a própria festa. Palavra que remete ao étimo bantu ngoma, que significa precisamente "tambor".
As Ingomas ou Batuques atuais continuam a apresentar estruturas/formas semelhantes por todo o Brasil: além dos tambores esculpidos em troncos e afinados a fogo e da umbigada (efetiva ou sugerida) na dança, a linguagem poética metafórica, ademais do contexto liminar sacro-profano em que ocorre o festejo.

Como já discorremos ao longo desse blog, o "Lundu" é uma dança de origem africana trazida para o Brasil pelos escravos. A sensualidade dos movimentos já levou a Corte e o Vaticano a proibirem a dança no século passado. No Brasil o "Lundu", assim como o "Maxixe" (a dança excomungada pelo Papa), foi proibido em todo Brasil por causa das deturpações sofridas em nosso país. Mas, mesmo às escondidas, o "Lundu" foi ressurgindo, mais comportado, principalmente em três Estados brasileiros: São Paulo, Minas Gerais e na Ilha do Marajó, no Pará.
O Lundu foi à primeira forma de música negra que a sociedade brasileira aceitou e, graças a ele, o negro deu à nossa música algumas características importantes, como a sistematização da síncopa e o emprego da sétima abaixada. “Para aceitar integralmente o lundu, a sociedade colonial brasileira transformou-o em canção, libertando-se de uma coreografia que certamente a escandalizava e irritava as suas pretensões de brancura” (ALVARENGA, 1950, p. 150-1).
A última reserva autêntica do lundu está na ilha do Marajó, no Pará. Uma modalidade do lundu, a dança de roda, ainda é praticada na Ilha de Marajó e nos arredores de Belém, no estado do Pará, recentemente grupos culturais do entorno do Distrito Federal (região limítrofe do DF e de Goiás) reiniciaram essa prática.
As mulheres se apresentam com lindas saias longas, coloridas e bastante largas, blusas de renda branca, pulseiras, colares, brincos vistosos e flores no cabelo. Os homens vestem calças de mescla azul-claros e camisas brancas com desenhos marajoaras. Os pares se apresentam descalços. A dança simboliza um convite que os homens fazem às mulheres "para um encontro de amor sexual".
No início as mulheres se negam a acompanhar os homens, mas depois de grande insistência, eles terminam conquistando as mulheres, com as quais saem do salão dando a ideia do encontro final. O acompanhamento musical da dança é Rabeca (violino); Clarinete, reco-reco, ganzá, banjo, e cavaquinho.




Referências:


ALVARENGA, Oneyda. Música Popular Brasileira. Porto Alegre: Globo, 1950.

A força da religião dos Arturos. Disponível em: http://www.pucsp.br/nures/revista7/nures7_rosangela.pdf. Acesso: novembro de 2012.